Agricultores familiares produzem toneladas de alimentos orgânicos e lutam por regularização do acamp


Agricultores familiares produzem toneladas de alimentos orgânicos e lutam por regularização do acamp

Amenos de 50 km do Palácio do Planalto, um grupo de 46 famílias produzem mais de 40 toneladas de hortaliças, frutas e verduras orgânicas todos os meses. Os agricultores trabalham em uma área de 455 hectares de terras da união e que eles ocupam há 19 anos. Além do trabalho na plantação, as famílias lutam pela regularização da área. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, foi à região da Chapadinha conhecer a produção e ouvir as reivindicações dos produtores organizados pela Federação dos Agricultores Familiares do DF e Entorno, filiada à CONTRAF - Confederação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar.

Anaíldo Porfírio, coordenador-geral da FETRAF-DF e presidente da ASTRAF - Associação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar Chapadinha, foi quem convidou o ministro Márcio Macêdo para conhecer a região. A reunião com produtores serviu também para que as principais reivindicações fossem apresentadas ao governo federal por meio do ministro. De acordo com Anaíldo, a produção do acampamento e de produtores da região atende a quase 70 escolas nas regionais do Guará, Núcleo Bandeirante e São Sebastião, além de oito restaurantes administrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio – SENAC.

Segundo Anaíldo, os produtores ainda levam produtos orgânicos, todos os sábados, para o Galpão da Agricultura Familiar no CEASA-DF. Outra atividade que gera renda para os agricultores é o “Colhe e Pague”, experiência que segue o modelo dos tradicionais “pesque e pague”, nele, o consumidor compra um passeio para a região da Chapadinha, conhece os métodos de produção orgânica, colhe produtos direto na plantação, pesa e paga pelo que vai levar para casa. “Esse modelo funcionou muito bem na época de colheita do morango e chegamos a atender mil pessoas em um único mês” explicou Anaíldo.

O acampamento Chapadinha tem sua história marcada pela presença forte das mulheres. Produtoras como Maria Carmem que está na terra desde o primeiro momento da ocupação e que enfrentou todas as dificuldades da fase de consolidação do acampamento e conseguiu vencer todos os obstáculos e hoje já comemora os resultados da luta. “Quando eu me mudei pra cá, tinha 8 anos que eu não entrava em um supermercado porque não tinha dinheiro para comprar nada. Comia o que me davam. Até que me falaram do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e eu achei que eu não daria conta de produzir o suficiente para completar a entrega que me renderia R$ 4.500,00. Minhas amigas e colegas aqui do Chapadinha me ajudaram e eu consegui. Peguei o dinheiro e o primeiro lugar que fui foi o supermercado, de onde saí com um carrinho cheio” conta Maria Carmem que revelou, feliz da vida, ao ministro que, ano passado, conseguiu comprar um carro com a renda do PAA.

Reivindicações

Mas as vitórias contadas com orgulho pelos produtores são fruto de muita luta. A principal delas é pela regularização do acampamento e a transformação definitiva em assentamento. Mesmo ocupado por 19 anos, a área ainda segue sem regularização definida. De acordo com os produtores, o processo está no Instituto Nacional de Reforma Agrária – INCRA, após a cessão da área para o órgão pela Secretaria do Patrimônio da União – SPU, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Os agricultores pediram ao ministro uma ajuda para tentar agilizar o processo de regularização junto ao INCRA.

Foto Chapadinha
Agricultores familiares do Acampamento Chapadinha entregam reivindicações ao Ministro Márcio Macêdo

Além da regularização, os agricultores também pediram ajuda para solucionar problemas na distribuição de água, na instalação de energia fotovoltaica para irrigação, na implementação de uma fábrica de composto orgânico em parceria com a Universidade de Brasília, na ampliação do crédito especialmente do PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar -, e até mesmo no transporte escolar dos estudantes da região.

O ministro Márcio Macêdo ouviu todas as reivindicações e já delegou aos assessores cada uma das iniciativas necessárias para encaminhar soluções para o Chapadinha. O ministro pediu que todas as ações e respostas fossem feitas com transparência e que os produtores fossem comunicados de tudo.

“Eu estava querendo muito vir aqui pra conhecer vocês, o lugar e a produção. Não sei se vamos conseguir resolver tudo, mas nós vamos ‘futucar’ muito” explicou com bom humor, o ministro que conheceu a plantação de morangos de Anaíldo Profírio e a de hortaliças da agricultora Ivone Ribeiro Machado, onde colheu vários legumes e folhagens como alface, couve, mostarda e alho-poró.

Com a caixa cheia de produtos orgânicos, Márcio Macêdo destacou a importância da agricultura familiar para a alimentação saudável dos brasileiros. “É esse Brasil, que produz comida de verdade, levanta cedo, com fé de que vai colher o que plantou que quero ver mais forte”, incentivou o ministro.